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10 anos de Margem Criativa (parte 2)

Em 10 anos mudou muita coisa na área da comunicação online. E os desafios são cada vez maiores para empresas, negócios e organizações, qualquer que seja o seu setor de atividade.

Como comunicar o meu produto ou serviço numa era de constantes transformações digitais, em que parece cada vez mais difícil captar a atenção de potenciais clientes?

Algumas pistas na segunda parte da entrevista que faz o balanço de 10 anos de Margem Criativa.

Parte 2

Na área da comunicação e do marketing digital, o que é essencial para qualquer empresa ou negócio?

Comunicar com qualidade. Esse é um passo fundamental para nos conseguirmos diferenciar. Quem não comunica com qualidade está a perder tempo e dinheiro e só prejudica a imagem da sua marca.

Que ideia é que eu transmito da minha empresa ou produto se tenho uma imagem institucional “parada no tempo”? Se cometo erros básicos como não saber escrever um texto para acompanhar uma publicação nas redes sociais (sim, isto também obedece a regras)? Ou se a imagem que crio para divulgar os meus serviços parece ser feita por um miúdo de 10 anos? Muito dificilmente um potencial cliente terá confiança no meu produto ou serviço se tenho uma má comunicação.

A área do digital é, hoje em dia, extremamente competitiva e se a minha comunicação não for bem planeada e executada, então estou só a perder tempo e provavelmente a desperdiçar dinheiro.

Há imensos profissionais de qualidade no mercado que estudaram e têm uma sensibilidade específica para determinadas áreas. Recorram a essas pessoas. É um conselho que deixo. Se é para fazer “mais ou menos”, então não vale a pena perder tempo.

O que mudou na área da comunicação digital desde 2012? Houve alguma alteração no tipo de serviços que são mais procurados pelas empresas?

Há 10 anos, o desenvolvimento de websites era, sem dúvida, o tipo de serviço mais procurado. Atualmente, com as alterações tecnológicas que aconteceram, a forma de fazer negócios mudou e, nesse seguimento, existe agora uma grande procura dos serviços de marketing digital, que envolvem uma série de vertentes.

E não tenhamos ilusões: as transformações na área digital terão um ritmo cada vez maior, o que representa um grande desafio para empresas e negócios, porque a essa realidade está associada uma necessidade constante de adaptação e evolução.

Basta vermos, por exemplo, o número de redes sociais que existem hoje em dia, enquanto há 10 anos era o Facebook que “dominava” praticamente todo o universo de utilizadores dos social media.

Para as empresas, principalmente as PME, quais são os grandes desafios associados a toda esta transformação digital dos negócios e particularmente da área da comunicação?

A partir do momento que há mais empresas e negócios presentes online isso significa uma coisa: mais competição. E, consequentemente, isso pode traduzir-se numa maior dificuldade em vender (seja um produto ou um serviço). Principalmente, quando estamos a competir com grandes empresas ou grupos empresariais que têm outros meios que as PME não possuem. E aqui estamos a falar de meios financeiros, mas também, por exemplo, de recursos humanos.

Quer dizer então que as empresas, negócios ou organizações têm hoje mais dificuldade em fazer passar a sua mensagem online, quando comparamos, por exemplo, com há 10 anos?

Em parte, sim. Hoje em dia, já não basta ter um website e estar presente nas redes sociais. É preciso muito mais do que isso, porque a competição pela atenção (e dinheiro) do utilizador/consumidor é enorme. Daí ser necessário ter algo essencial: uma estratégia, normalmente apoiada num plano de marketing digital. Se eu não tiver um plano definido é bem provável que a minha comunicação online não cumpra os objetivos que idealizei.

Por outro lado, também é verdade que as empresas, negócios ou organizações têm hoje ao seu dispor um conjunto de ferramentas e plataformas, para comunicarem o que desejam e chegarem a mais pessoas, muito mais alargado do que há 10 anos. Desde os blogs e websites, passando pelas redes sociais (Facebook, Instagram, Linkedin e agora o TikTok), pelas plataformas de partilha de vídeo (YouTube), o e-mail marketing, etc.

A estas múltiplas opções de comunicação junta-se uma outra vertente que eu acho imprescindível atualmente: o investimento em publicidade paga. A não ser que eu consiga que a minha mensagem comercial se torne viral e alcance um grande número de pessoas, vou ter de utilizar ferramentas pagas (Google Ads ou Facebook/Instagram Ads, por exemplo), que permitam dar maior visibilidade ao meu produto e, em última análise, aumentar as minhas vendas.

Se é possível ter sucesso sem esse investimento? Sim, mas pode demorar muito tempo até conseguir alcançar os meus objetivos.

Mas esse investimento é viável para todas as empresas, principalmente as PME?

Não é uma resposta fácil, mas volto a assinalar que me parece um investimento necessário. Depois depende do tipo de produto que estou a tentar divulgar ou vender online. Não há fórmulas mágicas que resultem sempre.

O importante é, paralelamente a esse investimento, ir medindo os resultados que estou a ter e, se necessário, fazer adaptações ou alterar a estratégia. Isso é outra vertente do tal plano de marketing digital que referi anteriormente.

Outra das áreas que deve ter crescido muito, até por causa do que aconteceu nos últimos 2 ano, é a do comércio online. O futuro de quem tem negócios passa por aqui?

O comércio online é uma realidade incontornável, que vai continuar a crescer de ano para ano. Todos vimos o que aconteceu durante a pandemia, por exemplo, com os negócios no setor do comércio que dependiam muito do turismo: viram-se de repente sem clientes e com a necessidade de procurar outros mercados, nacionais e internacionais. E as plataformas online foram uma boa ajuda para este problema.

Mas atenção: às vezes há a ideia de que comércio online é a solução mágica para qualquer tipo de negócio e de que basta, por exemplo, criar uma loja online para começar a vender e obter novas fontes de receita. Isso é uma ilusão.

Esta área do comércio online é talvez a mais exigente para qualquer empresa ou negócio e a que exige um planeamento mais rigoroso, sob pena de estarmos a desperdiçar o investimento realizado, que, normalmente, não é assim tão pequeno quanto isso.

É preciso pensar, por exemplo, na infraestrutura tecnológica (o desenvolvimento da loja online), na gestão do catálogo de produtos, na parte logística de envio das encomendas e, absolutamente essencial, na estratégia de marketing.

Repito: não é por ter uma loja online que vou começar automaticamente a vender. Há cada vez mais competição nesta área e se não fizer um bom planeamento, provavelmente não vou atingir os meus objetivos.

Para os pequenos comércios locais, por exemplo, uma solução que vejo como ideal é agregarem-se em plataformas de comércio eletrónico (ou aderirem às já existentes). Uma espécie de “cooperativas digitais” que partilhem custos operacionais, seja com recursos humanos, infraestruturas de armazenamento e envio de encomendas, marketing, etc.

Sozinhos terão de suportar custos consideráveis, o que para muitos negócios é absolutamente incomportável. E acho que aqui as autarquias e associações empresariais podem ter um papel decisivo.

Aliás, o tão falado PRR tem medidas relacionadas com esta área do comércio digital. Resta saber se o dinheiro anunciado chega efetivamente às empresas e se é bem aplicado, de forma a torná-las mais competitivas.

Última questão, que se relaciona com uma decisão importante para quem tem empresas ou negócios: faz mais sentido recrutar alguém para a área do marketing digital ou recorrer a outsourcing?

Depende de caso para caso. Eu diria que se uma empresa precisar de alguém dedicado a tempo inteiro à dinamização da comunicação e vendas online, então, provavelmente, faz sentido contratar alguém.

Para a maioria das PME, eu diria que o melhor cenário é recorrer a outsourcing: tem menos custos envolvidos e podem, por exemplo, canalizar o investimento que teriam de fazer em recursos humanos para publicidade online e, dessa forma, potenciar as vendas da empresa.

Independentemente do cenário escolhido, para mim, o decisivo é apostar na qualidade dos profissionais que desenvolvem a comunicação e o marketing das empresas.

Recorde a parte 1 da entrevista aqui.

Conheça alguns dos projetos da Margem Criativa aqui.